terça-feira, 14 de agosto de 2012

Escadas e sonhos tortos

Tive mais um daqueles sonhos longos e complicados.

Sonhei que precisava desesperadamente comprar roupas novas - algo bastante verdadeiro, pena que tenho preguiça -, e a loja que fui, em um sábado de poucas pessoas no centro da cidade, tinha essa seção no 2º andar. 

Quando fui chamar o elevador, notei que estava quebrado. Ao contar os sonhos para alguns amigos, lembrei que elevadores não estavam in no livro O Elevador Ersatz, graças às crenças de Esmé Squalor e outros. Rapidamente procurei as escadas para concretizar meu objetivo fútil, e quando as achei, iniciei uma jornada sombria e confusa. O que era para ser uma alegre e rápida subida tornou-se um pesadelo. Havia toda sorte de escadas: longas, estreitas, em formatos de caracol e outros indefinidos. Chegar ao 2º andar nunca tinha sido tão difícil - pensava no sonho - e, apesar de parar algumas vezes para descansar e constatar que estava no caminho certo, a jornada estava ficando cansativa. Quando finalmente percebi que estava perto, e aquela sensação de "ufa, finalmente esse sufoco vai acabar" começou a formigar, me deparei com uma curva obrigatória que me levou diretamente ao fim da escada. A escada simplesmente acabou, lá no alto (senti que tinha subido muito mais do que apenas dois andares).

Caminho tortuoso que não levou a lugar nenhum.

Assim como o final desse texto, o sonho apanhou sentimentos densos de frustração. Minhas entranhas estão rangendo de agonia até agora. Também senti umas pitadas de injustiça percorrendo o corpo magrelo. 

Vocês também ousam sonhar?



Obs.: A foto foi tirada por Allan, no parque da Jaqueira, em Recife, no fim de uma tarde. Eu estava devaneando horrores.

© Escreva carla, escreva
Maira Gall