Aí dizem que é Valentine's day, e eu não entendo muito a tradição ser no dia 14 de fevereiro, pois sou brasileira, e aqui fomos influenciados pelo santo casamenteiro, santa igreja católica. Apesar disso, lembro das escolas que tinham o sistema de mensagens anônimas. Estudei em muitas, aprendi a ser novata sem medo. Alguns cartões foram enviados para mim, mas só de amigos. Fiquei secretamente feliz de não ter ficado sem nenhuma cartinha.
Amor é todo dia, não?
Lá vem aquela raiva estrondosa de datas comemorativas. Relação paradoxal, na verdade. A tradição faz a data especialíssima, mas a cultura do esperar-o-dia-de-comemorar-para-comemorar não parece sustentável a longo prazo. É preciso amar as pessoas como se não houvesse... nada. Só pela delicadeza do sentimento mesmo. Pelo egoísmo de se sentir bem, às custas dos outros - é, amor também é egocêntrico. À custa do afeto que nos proporcionam, do bem-estar. Ser querido pela velhinha da esquina, pelo fazedor de pães, pela vizinha que, quando criança, disse a uma menina de franja cortada (irregularmente) que ela poderia chamá-la de avó. Aí o amor cria mais de uma avó, mais de uma irmã, a exemplo da amiga de trocentos anos, tão fucking distinta de mim, tão amada pelas diferenças. É, ou deveria ser, amor para tudo e todo mundo: mãe, pai, gato, cachorro, país, violão. Namorado. Ou namorada, quem sabe o desejo toma conta? Mas Valentine's day é coisa de namoradinhos, right? A história conta a saga do São Valentine pelo amor. A condenação à morte por ele.
Bem, Valentine's day é coisa de casal, como ia dizendo. Mas aí vem a mania de questionar. Indago: os que vivem a três ficam de fora? E os que têm relações amorosas e até sexuais com bichos? E com mortos (lembrei inexoravelmente do Nicolas)? A delonga é motivada pelo medo do sentimento bom. E, hoje, o receio, a vergonha da manifestação pública. Ser feliz assusta quem um dia já viveu triste. Então penso que amar, no fim das contas, é um ato de extrema coragem.
Em outras palavras,
amo você, Nu.
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